A Garganta da Serpente

Eustaquio Leite

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Ainda há muito que sonhar!

Pensei ter arribado minhas serras,
Já ter florido todo o meu jardim,
Esfalfado de tantas serrabaias,
Conhecido toda sorte de jasmim.

Sob uma couraça apouquei-me calculado,
Com o tempo nem saia mais da oca,
Parcos haveres, frugal, todo enleado,
Tornei-me vil, agoráfobo, bicho-da-toca.

Viver já não fazia mais sentido,
Cabisbaixo era assim como eu andava,
Demais pávido, absorto e demovido,
Em geral, eu mesmo me esfaimava.

Mas, prédica convicta não se perde, aurora,
E a minha sei que ouviu meu Bom-Pastor,
Eis que me acorrera de prece d'outrora,
Arrebatou-me ao teu seio o meu Senhor.

Agora a salvo, crente, venturoso,
Sob a destra de meu Pai podes me achar,
Distante do lúgubre, pavoroso,
Ainda há muito que sonhar!

(16/02/2008)


(Eustaquio Leite)


voltar última atualização: 21/03/2011
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