A Garganta da Serpente

Eudes S. Santana

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Bem Querer

É isso que eu quero; quero sua boca quase sussurrada encostada na minha.
Quero você de encontro à parede e meu corpo colado no teu.
É isso, quero sentir sua pele deslizando na minha em todas as direções.
Quero teus olhos de queixa semicerrados olhando pra mim, me provocando.
Anda pelo quarto, me chama, me faz seguir tua sombra pela casa.
Quero todas as tuas reentrâncias divinais, em todas as posições.
Vem, vem me dá seu corpo, vem me dá tua alma.
Essa alma sutil e suave como as asas de uma borboleta que roça na rosa.
Dança comigo, tira o sapato, tira qualquer empecilho que me impeça de morder a tua nuca.
E vem, desnuda teus desejos na minha frente.
Turva minha visão com tuas mãos que regem meu olhar.
Sorri, esnoba minha cara de boba diante de teu corpo saído do banho.
Vem sem toalha, sem vergonha, sem pudor, sem mistério.
Seja meu homem, minha mulher, seja meu sobretudo no chão.
Fale bobagem, peça indecências; surpreenda-me como só você sabe fazer.
Quero esse querer sem hora pra acabar, quero momentos eternos.
Sem rimas, você já é o poema mais completo que minha mão pode escrever.
Seja meu prisma, meu imã, minha irmã, minha sina, seja homem, seja menina.
Seja assim, desse jeito assim, moreno, cálido, impávido colosso em decúbito.
Seja sim, assim, desse jeito sem jeito que ninguém pode entender.
Só eu e você, meu bem querer.


(Eudes S. Santana)


voltar última atualização: 31/01/2005
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