Gonçalves Dias (Ao pé do mar)
Seu eu pudesse cantar a grande história,
Que envolve ardente o teu viver brilhante!...
Filho dos trópicos que _ audaz gigante _
Desceste ao túmulo subindo à Glória!...
Teu túmulo colossal _ nest'hora eu fito _
Altivo, rugidor, sonoro, extenso _
O mar!... O mar!... Oh sim, teu crânio imenso _
Só podia conter-se _ no infinito...
E eu _ sou louco talvez _ mas quando, forte,
Em seu dorso resvala _ ardente _ Norte,
E ele espumante estruge, brada, grita
E em cada vaga uma canção estoura...
Eu _ creio ser tu'alma que, sonora,
Em seu seio sem fim _ brava _ palpita!...
(29 nov. 1883)
(Euclides de Cunha)
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