A Garganta da Serpente

Eric Ponty

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Insônia de Minas

I

Ninguém dorme em Minas. Há uma águia
que ronda suas portas, vela os seus sonhos,
sussurra em suas portas.

Os lobos uivam ao portão cânticos
avisando que não é mais segura
que as criaturas da lua
tramam que virão anunciar as trevas.

Minas está abandonada para o mundo,
vela o olhar do marinheiro degolado
que os amaldiçoou levando consigo o mar.

II

Minas é seca. As palavras se perdem
diante de seu nome. Em Minas
não se sonha a quase um século.

Não há que ouvi-los. Não há que dizer
que em Minas os cânticos são uivados
no portão.

Logo ouviremos os trotes dos cavalos
que percorreram por toda Minas
trazendo em suas patas noticias de um outro mar.

III

Não dorme nenhuma manhã em minas
oa pássaros degolaram o canto
do marinheiro que retornara
trazendo noticias em seu trote.

Por isso Minas é tão seca,
tão fria nos sentimentos dissecados
por ser palavra mineral
lapidada do estado natural.

IV

Em sua lembrança façamos silêncio
em sua memória perdida em Minas
pelos seus sonhos no mar
pelos seus gritos juntos ao marinheiros.

Ninguém dorme em Minas. Há uma águia
que ronda suas portas, vela os seus sonhos,
sussurra em suas portas.


(Eric Ponty)

 

Insomnia de minas

I

Nadie duerme en Minas. Hay un águila
que ronda sus puertas, vela sus sueños,
susurra en sus puertas.

Los lobos aúllan en las puertas cánticos
avisando que nada es más seguro
que las criaturas de la luna
que vendrán a anunciar los astros.

Minas está abandonada para el mundo
viendo al trasluz la mirada del marinero degollado
que las maldijo llevando consigo el mar.

II

Minas es seca. Las palabras se pierden
delante de tu nombre. En Minas
no se sueña hace casi un siglo.

No hay más que olvidos. No hay otra casa que decir
más que en Minas los cánticos son aullidos
en la puerta.

Luego oiremos el trotar de los caballos
que cabalgarán por todo Minas
trayendo en sus patas las noticias de otro mar.

III

No duerme ninguna mañana en Minas
los pájaros degollarán el canto
del marinero que retornará
trayendo noticias en su trote.

Por eso Minas está seca,
tan fría en los sentimientos disecados
por ser palabra mineral
lapidada del estado natural.

IV

En su recuerdo hagamos silencio
en su memoria perdida en Minas
para sus sueños de mar
para sus gritos con los marineros.

Nadie duerme en Minas. Hay un águila
que ronda sus puertas, vela sus sueños,
susurra en sus puertas.

(traducción: A. Lopes/Luis E. Prieto)

voltar última atualização: 10/08/2007
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