Pássaro inconsútil
(p/ José Inácio Vieira de Melo)
Um pássaro inconsútil
não diz muitas madrugadas
não tece a fala Severina
abjeta-se de dizer
flúmen ou lagarto.
Um pássaro inconsútil
depõe as algaravias do dia
o sonho cruel de Malaguias
sobe decidido a escada de Jacó
aparta-se o anjo de sua benção
a que abençoe tênue luz do dia.
Um pássaro inconsútil
reza ao vento que leve
se desvele manhã sutil
oxum chame ogum
para colecionar réstias
olvidadas da pedra.
(Eric Ponty)
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