A Garganta da Serpente

Eric Ponty

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L' Invitation au Voyage Auchwitz

Minha pequena, minha amada,
Pensa na doçura deste instante
De vivermos juntos bem distante
Amar sem nenhuma pressa,
Amar e morrer serão unos os dias
Nesta terra que se a ti assemelha!

Os sóis inundados pelas lembranças
Por estes céus enevoados da memória
Têm para o meu espírito os encantos
Tão misteriosos a ti assemelham
aos teus olhos traiçoeiros,
Brilhando através das lágrimas
Por ver que a história se repete ainda
num bordão de uma triste sanfona.

Lá, onde tudo são mesmo ordem e beleza,
Luxo, calma e volúpia na paz dos dias
cismam em não acreditar em Auchwitz!

Minha pequena, minha amada,
Pensa na doçura deste instante
De vivermos juntos bem distantes
Não tenho palavras para lhe dizer
apenas imagens, cartões postais
que trago no recôndito da alma.

Vê nestes prédios tão soturnos
estas fabricas repousando sós
cuja vontade é esquecer a dor,
não lembrar os gemidos de outrora,
as lágrimas que desciam, a fome,
filigrana das almas subindo a escada
da benção sempre esperada de Jacó.

É para satisfazer esta visão amada
O teu menor desejo que estes figuram
Que eles vêm agora do fim do mundo
ou caem a esmo na palestina.

Ocasos de escutá-los agora
basta que apure os ouvidos
cobrem os campos, os céus,
Os canais, toda a cidade.
De uma suposta superioridade
O mundo terno adormece
Numa quente luminosidade!

Lá, onde tudo são mesmo ordem e beleza,
Luxo, calma e volúpia na paz dos dias
cismam em não acreditar em Auchwitz!


(Eric Ponty)


voltar última atualização: 10/08/2007
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