A Garganta da Serpente

Emiliano Perneta

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A Uma Desconhecida

Tua beleza é como essa tentação que passa,
Cujo encanto fugaz inda brilha e palpita,
Cheio de frutos bons, leve de aroma e graça,
De um aroma ideal, de uma graça esquisita.

Ainda ao tronco gentil o desejo estrelaça
As rosas do prazer e a doçura infinita;
Quanto, porém, a luz vai se tornando escassa...
Quanta folha caiu dessa árvore bendita!

Em te vendo passar, ó doce fim de outono,
Fechada na estamenha escura do abandono,
Como zéfiro fala ao ouvido da rosa!

Ah, pudesse eu falar-te, um dia, voluptuosa,
Sem palavras, assim como uma sombra estranha,
Como zéfiro fala ao ouvido da rosa!


(Emiliano Perneta)


voltar última atualização: 23/12/2005
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