A FERA
Há uma fera
me perseguindo na rua
na praça no campo no mar.
Uma solidão azul de espera
ou cinza de antiguidades?
Por onde me afugento
a fera me caça sem trégua
me insula com sua presença.
As esquerdas do meu caminho
são as esquinas dos meus passos
que se estilhaçam no tempo.
A solidão me tritura
me devora os dias e o baço
mas sempre me faço espera
na plataforma vazia
de minha estação de flores.
(Emil de Castro)
|