A Garganta da Serpente

Elton das Neves o Anjo das Letras

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Quando eu estiver versejando...

Minha poesia é a esposa da minha alma, que fala através dela. Eu seguro a minha pena autoral, acende-se em mim um fogo espiritual. Rasgo com meus dentes, as veias do meu pulso, que pulsa e a tinta que faço escorrer no tinteiro é o do meu próprio sangue. Grito ao mundo um berro rasgado, doloroso, manchado de vermelho.

Proíbo-te de tocar-me enquanto escrevo, neste momento sou sagrado, sou um deus verdadeiro. Se escuse de pronunciar meu nome, sendo assim, não me chame, enquanto versejo em meu inferno sagrado e profano, em meu céu de delícias.

Quando faço minha poesia sangrenta, é a Deus que procuro. Mergulho no abismo para encontrá-lo e subo como um ser alado ás alturas, com a intenção de invocá-lo.
Aviso-te de novo, enquanto escrevo um poema, não me faça uma nova pergunta e nem queira beijar minha boca. Se abstenha de tocar na minha roupa, me esqueça por uma semana inteira.

Quando passares perto da porta do quarto aonde escrevo, inebriado pela poesia, se escutares algumas vozes, não se assuste, pois são poetas mortos, mestres escritores conversando comigo, são Dante e Virgilio, Baudelaire e Arthur Rimbaud.

Nas horas do meu versejar, não ponha um disco na vitrola, enchendo o ar com música, nem aja como uma tola ciumenta, querendo me ver parar de escrever.

Não permita minha querida, que as crianças elevem suas vozes pelo corredor, quebrando o sagrado silêncio, expulsando de perto do meu ouvido a boca da musa, que me inspira o poema, causando com seu afastamento, tremenda dor.

Entenda que, enquanto versejo, brilho como ouro a refulgir sob o fogo aceso. Enquanto versejo crio um rico tesouro, o mais valioso já visto em todo mundo. Enquanto versejo sou uma estrela cadente que aos poucos se extingui, sumindo, morrendo no poente.


(Elton das Neves o Anjo das Letras)


voltar última atualização: 17/07/2009
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