A Garganta da Serpente

Elizabeth Caldeira Brito

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ENTREGA

Êxtases partilhados
com tua ausência.
A dependência
do não ser,
querendo teu ser.
As noites buscam o sol
que chega lentamente.
Os olhos ao léu
vêem noites infindas.
E no breve amanhecer
tudo se torna claro,
senão o sentimento.
Vem o recomeço:
o sedento e gostoso
tormento
de se adolescer,
da espera virtual,
do prazer à distância
e do calor infernal
de querer ser teu ser.
Não. Não consegue!
Entrega-se
ao vulto que vê
sem que jamais
tenha visto.

(Elizabeth Caldeira Brito)


voltar última atualização: 21/09/2008
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