A Garganta da Serpente

Eliana Mora

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Seiva, sangue e pele

A pele que uso
não sobrou de nenhum outro
não foi cortada, retalhada
ou produzida em laboratório

É misturada sim
ao sangue do animal de muita fibra
dono da seiva que percorre suas próprias veias
e da voz que suplica para que não
se entregue
de maneira fácil
aos recorrentes tropeços

Animal ferido
perdido
é (re)encontrado por si mesmo
antes que seus nervos e todas suas armas
sejam (auto)devoradas

A pele de uma fera seca ao sol
o mesmo sol que amadurece pessegos
e os torna lisos
sedosos

[para ela - não há reposição]

(25/8/2012 - dedicada ao filme de Almodóvar "A pele que habito")

(Eliana Mora)


voltar última atualização: 19/04/2017
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