O bêbado, a moça e as caveiras
Noite quente e uma lua
Que a tudo está a espiar.
Desde o bêbado a rodopiar
A moça na janela (seminua).
No cemitério próximo, as caveiras,
Até ontem tão branquelas
E hoje tão banguelas
Estão sorrindo faceiras.
Ao lado há lapides novas
Com vizinhos também novos que dormem
E nem percebem que seus vermes lhes carcomem
Suas carnes, suas entranhas. Suas larvas,
E sob a mesma lua a janela se fechou
Quando o bêbado, a moça cortejou.
(Élcio Rodrigues)
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