Ar melancólico
O quê? O quê me disseste vento?
Um choro sem fim do murmúrio
lamenta a destreza da consciência?
Trato-te com grande repúdio
se mal retratas a minha essência,
afligindo ainda mais ríspido tormento,
pois não vivo mais da reminiscência
de ímpios tempos sem contento,
onde prantos crestavam inocente refúgio!
Se raciocínio meu hoje não é lento,
transformei lágrimas em rubro purpúreo
e sussurros lúgubres em deleite sofrimento.
(Eduardo Gutierres Ruiz)
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