Cansado
Morte lenta e primitiva,
Grilhões de uma alma sofrida,
Nada pode fazer contra tuas próprias feridas? (Ó Alma)
Como podes se elevar aos céus com tanto medo?
Se tem em teu peito,
O filho sagrado e perfeito,
Por que não o informa de tua dor?
Ele é ou não o teu Salvador?
Cansaço de não vencer,
Depressão maldita, justo no alvorecer,
O que eu poderei fazer?
Não me resta mais nada além de rezar,
E ao mesmo tempo implorar
A alguém que possa me ouvir,
Seja nos céus ou em qualquer lugar.
Salve me alguém ai em cima,
Apenas me escuta um só momento
E prometo que não perderá teu tempo.
Com tanta dor em meu peito
Quando poderei descansar no teu seio?
E nem sei o porque dela,
Só sei que jaz em minha santa sala.
Sinto-a como um fardo mortal que insiste em destroçar minha alma.
Estou cansado desta névoa sobre minha vista,
Desta sorte de desgraças tão mista
E sobre a luz que nunca chega a mim.
Possa eu um dia descansar enfim?
Talvez...
(Eduardo Ayres)
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