Teu segredo vive
veneno dos fracos
no inseto que zumbe
em teus versos opacos.
Teu mistério é puro
silêncio dos tímidos
ácido do desespero
de suspiros extintos.
Áspero sonho tempera
teu dia de sol cortante
- vigia e vingador das quimeras:
sublimes corvos falantes.
Teu vazio prospera
- caudaloso rio de engano
dentro da tua matéria
grão estéril de estanho
Teu poema constela
um céu de místicos encantos
fração de luz que erra
entre astros de lírico pranto.
Apenas operas com lâmina
de um poeta que desperta
na manhã de vozes unânimes
como um sol no deserto.
Obturas a carne maquiada
e deixas o sangue lavar
o sentido pleno da palavra
que não cicatriza sem cortar.
A incisão é da morte
tua parceira de sempre
e porque renuncias à noite
teu dia é menos perene.
(Poemas que compõem o livro: Traços Invisíveis - 2003 - ainda inédito)
(Edir Augusto Dias)
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