MONÓLOGO DO VENTO
O sopro que roça o nada
E mesmo assim fere
O som se propaga lento
Mas como não ouvir o vento?
Odor de sândalo e defunto
O verme que lambe a incisão
Sem artérias, sem alma, sem coração
A tempestade traz a desgraça junto
Por cima da casca de pele e ossos
A canção fúnebre do desalento
A morte cavalga à beira da loucura
E a lama petrifica ao sabor do vento
Quando pairo lento no deserto
Sinto as cinzas chovendo no rosto
Separando membros de um corpo cremado
Esparramando vazio no silêncio
(Donny Correia)
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