CENAS DE SEXO COM AMOR EXPLÍCITO
deitado,
acarinhava teus cabelos como quem nina, sem olhar,
uma cabeça de gato;
tão profundamente cheirava teus pensamentos
que despreguei o olhar do teto do quarto
não havia mais cadeiras nem mais censura para menores!
recostado,
acordava teus seios qual um médium espírita:
por incorporação;
tomava porre de olhar líquido derramado pela tua fronte,
e dos teus seios despertei meu segundo
olhar penetrante.
Dei a blasfemar contra tudo:
dos remédios tarja preta à cara amarrada quanto dito um palavrão.
Moralismo barato:
ninguém faz mais dezoito anos!
acompanhado,
ritmado pela juventude inconseqüente das nossas pernas,
vez em quando andada mal das pernas,
criamos ginásticas
e um sem-numero de coreografias
e planto
bananeiras aos cachos com nódoas,
mandiocas num céu pronto para a lua cheia
os pêlos, sem apelos , quanto mais se entranham
misturam-se aos comes-e-bebes e, sem fastio,
se grudam deixados
como se a ilusão do tempo fosse passear lá, fora do quarto,
sem perguntar
qual de nós gozou primeiro.
volto a deitar,
e cacheio teus cabelos ainda meio molhados
como quem nina caracóis,
recosto a minha cabeça sobre tua barriga,
que ainda respira alto,
enquanto as cobertas, ao chão,
resfriam-se desnecessárias
sexo explícito existe?
(Djalma Filho)
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