A Garganta da Serpente

Djalma Filho

ver biografia
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

CENAS DE SEXO COM AMOR EXPLÍCITO

deitado,
acarinhava teus cabelos como quem nina, sem olhar,
uma cabeça de gato;
tão profundamente cheirava teus pensamentos
que despreguei o olhar do teto do quarto

não havia mais cadeiras nem mais censura para menores!

recostado,
acordava teus seios qual um médium espírita:
por incorporação;
tomava porre de olhar líquido derramado pela tua fronte,
e dos teus seios despertei meu segundo
olhar penetrante.
Dei a blasfemar contra tudo:
dos remédios tarja preta à cara amarrada quanto dito um palavrão.
Moralismo barato:
ninguém faz mais dezoito anos!

acompanhado,
ritmado pela juventude inconseqüente das nossas pernas,
vez em quando andada mal das pernas,
criamos ginásticas
e um sem-numero de coreografias

e planto
bananeiras aos cachos com nódoas,
mandiocas num céu pronto para a lua cheia

os pêlos, sem apelos , quanto mais se entranham
misturam-se aos comes-e-bebes e, sem fastio,
se grudam deixados
como se a ilusão do tempo fosse passear lá, fora do quarto,
sem perguntar
qual de nós gozou primeiro.

volto a deitar,
e cacheio teus cabelos ainda meio molhados
como quem nina caracóis,
recosto a minha cabeça sobre tua barriga,
que ainda respira alto,
enquanto as cobertas, ao chão,
resfriam-se desnecessárias

sexo explícito existe?


(Djalma Filho)


voltar última atualização: 13/03/2007
11523 visitas desde 07/03/2006

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente
http://www.gargantadaserpente.com.br