A Garganta da Serpente

Diogo Cabral

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Que os fios se unam nesta capital

Não tecerás as cobras
De teus parques distantes
As irmãs Papin aterrissaram
No coito das cartolas

A experiência translúcida
De vivenciar cavalos de batalha
À beira do rio anil
Somente equivale a duas mil almas
Desalojadas pelo silêncio
Viril da guarda nacional republicana

Aconteça que acontecer
Verás pelos becos perdidos
Da ilha
(porque viver numa ilha é alcova eqüidistante)
Filhos descontentes com seus leites maternais

O átrio perecerá de frio
Diante da perda fugaz
Da memória celestial
De constelações carregadas
De mulheres saias bebidas

Os autômatos
Os automóveis
As celas coletivas
Conterão a realidade
A carne e terra da realidade

O chão cuspido pelas gerações
Em sangue resplandecerá
Toda tradição misturada
Às festividades de João
Pedro ao Santo Momo
De fevereiro

Diz um irmão
A realidade é o chão
A realidade é o chão

(São Luís, 14 de fevereiro de 2008)


(Diogo Cabral)


voltar última atualização: 12/04/2008
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