A Garganta da Serpente

D.H. Lawrence

David Herbert Lawrence
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Piano

Suavemente, na penumbra, uma mulher canta para mim;
Fazendo-me voltar e descer o panorama dos anos, até que vejo
uma criança sentada debaixo do piano, na explosão do prurido das
                   cordas
E pressionando os pequenos, suspensos pés de uma mãe que sorri
                   enquanto ela canta.

Apesar de mim, a insidiosa mestria da canção
Atraiçoa-me fazendo-me voltar, até que o meu coração chora para
                   pertencer
Ao antigo entardecer dos domingos em casa, com o inverno lá fora
E hinos na aconchegada sala de visitas, o tinido do piano o nosso guia.

Por isso agora é em vão que a cantora irrompe em clamor
Com o appassionato do grandioso piano negro. A magia
Dos dias infantis está em mim, a minha masculinidade
É desencorajada no fluxo da lembrança, choro como uma criança
                   pelo passado.

(tradução: Cecília Rego Pinheiro)


(D.H. Lawrence)


voltar última atualização: 20/03/2005
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