A Garganta da Serpente

Denise Azevedo

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Gravidade

Alvoradas, auroras...
O mundo gira sem percebermos
Percorrendo distâncias
Podemos viajar no tempo
Na velocidade da luz
Pássaros cantam lá fora
Enquanto me imagino
No início de tudo
Quando nós irmos
Eles nada lembrarão de nós
Viverão adormecidos
Como sempre
Esperando o dia do juízo final
Me pergunto se o mundo será diferente
Quando não acordarmos mais
A carne que se desfaz
Finito e infinito lado a lado
Caminhamos para o "fim"
Quando nós partirmos
Me diz, será que eles perceberão?
Não quero oração
Vou ir, tentar descobrir a chave
Pra não voltar mais
Vou sentir falta da aurora
Da alvorada
Da imensa escuridão noturna
Das estrelas a me observar
Mas me diz, por favor me diz
Quem irá nos esperar lá?
Quem irá nos buscar?
Quero partir na próxima cauda de cometa
Quero conhecer tudo antes de ir
Me diz como, descubra como
Quero partir
Me dê uma roupa de astronauta
Uma passagem sem volta
Me deixa perdida por lá
Universo, minha morada
Meu caminho, minha estrada
A gravidade, a efemeridade
me impedem de chegar.


(Denise Azevedo)


voltar última atualização: 26/11/2009
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