A Garganta da Serpente

Deise Lima

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E me deu vida

- Esta manhã, depois de muito tempo
- Acordei chorando
- Voltou a velha dor no peito
- Não devia, não queria estar me apaixonando.

- Tinha eu aprendido a ser pedra
- Preciosa, brilhante, inerte a sentimentos
- Nem a chuva, nem o sol
- Nem o vento, nada quebra.

- Mas tem sempre alguém
- Que entre tantos, vem
- Pra ser diferente
- Pra mudar a vida da gente.

- Forte como um tufão
- Sensível como pétala
- Misterioso como a imensidão
- Doce néctar, ele me leva.

- Eu que conseguia ser forte
- Mesmo nas horas de morte
- Esmeralda, rubi, brilhante
- Jóia rara, ouro, prata, diamante

- Me sinto agora descoberta
- Pérola na concha aberta
- Não mais mineral
- Agora animal e vegetal.

- Sei que ele também sente meu toque
- À distância chamamos nossos nomes
- Tocamos em nossas almas
- Buscamos pro coração a calma.

- Eu sereia, ele o mar
- Eu a neve, ele o ar
- Eu o sangue, ele o vampiro
- Eu a sorte, ele o destino

- Eu a brisa, ele o condor
- Eu borboleta, ele a flor
- Eu estrela, ele o céu
- Eu cacto, ele o deserto.

- Quanto tempo eu vou caminhar
- Até poder te encontrar...
- Que caminho eu vou seguir...
- Te tocar até o fim...

- Não tenho essas respostas
- Mesmo eu sendo sua fada
- Não mais pedra, agora amada.
- O que me resta
- É muita luta e espera.

- O tempo, a distância,
- O destino, a sorte...
- Então você me diz:
- "Viveremos um do lado do outro, até morte."

- Se você for embora,
- Falta a água, morre a flor.
- Já não sou mais pedra
- Você me deu vida, me fez beija- flor.


(Deise Lima)


voltar última atualização: 19/09/2006
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