ESFINGE
Nao tenho nada pra falar
que palavras alheias já nao tenham dito.
Nao há nada pra escrever
que alguém já nao tenha escrito.
Nao há nada pra ser feito
que num pretérito perfeito
já nao tenha sido mais-do-que-perfeito.
Os meus substantivos sao todos tao comuns
e mesmo que as idéias me pareçam abstratas
elas nem mesmo me sao próprias.
No máximo, um comum de dois.
Olho a esfinge no espelho
e ela me devolve, em tom de sarcasmo:
"Voce é tao óbvia,
que nem tem que me decifrar".
(Brasília, 14/12/2004 - 12:46h)
(Débora Cristina Denadai)
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