A Garganta da Serpente

Débora Cristina Denadai

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CORTES

Andei cortando caminhos
entre minhas vontades e a alma.
Os caminhos assim cortados
nao me saciaram desejos
e ainda tiraram-me a calma.
Andei cortando caminhos
entre o que sou e o desejo
daquela que nao sabia ser.
Os caminhos assim forjados
cortaram-me a carne
e eu nao aprendi a viver.
Andei cortando caminhos
entre meu amor e o outro.
Os atalhos assim traçados
destroçaram o meu amor
e o que restou foi tao pouco.
Andei cortando caminhos
entre o saber e o conhecimento.
Os caminhos que aprendi,
cortando assim apressada,
nao me ganharam tempo
e nao me ensinaram nada.
Cortei tantos caminhos,
construí tantos atalhos,
saí tanto da estrada,
fabriquei tanto desvio,
que o resultado foi nada.
Guardei as minhas facas,
aposentei minhas foices,
nao consulto mais os mapas,
e o que passou, foi-se.
Em minhas entradas e saídas,
um único aviso existe,
como um guia para a vida -
"Atalhos, desvios, picadas,
me esqueçam. Cortei relaçoes.
Vou pra estrada."

(Brasília, 25/fev/2005 - 15:11h)


(Débora Cristina Denadai)


voltar última atualização: 22/03/2005
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