Onde está o que procuro?
O amor entrou em mim
E me deixou tonta:
Eu não sabia a quem amar.
Fiquei assim, sem ter porquês,
Perdida em meus devaneios
Confundi meu ser com outro ser.
Julguei ser de outro o meu amor.
E me entreguei por tantas vezes,
Dei meu ar em tantas vozes,
Usei meu corpo em tantas cores;
Senti dores de amores.
Nunca fui correspondida,
E quando era, confundia meus dias.
Mal conseguia entender.
Sucumbi, por fim, sem ter a quem,
Ou porque persistir.
Fiquei só mais uma vez
Sem ter o amor de outro em mim.
Larguei meus ossos
Em uma esquina qualquer.
Vazia de mim,
Respirei solidão.
Meus olhos quebrados,
Meus sonhos cegos.
Fui alvo de meu abandono,
Julguei-me tola e incapaz
De ser alguém por não ter par.
Não fiz elo com ninguém
Ou casei ou tive filhos;
Mal comunguei sentimentos,
Nem fiz outros casamentos;
Não fiz nada além de ser.
E achei que era o fim!
Fim do dia e da esperança.
Um décimo do que nunca fui.
Olhei o céu e vi a luz
Ceguei-me para não me enxergar.
Deixei de olhar meu ventre
Deixei de ser meus olhos
Deixei de me amar.
E só então ouvi respostas
Sobre o amor que está em mim:
Não é de outro o meu calor
Nem de ninguém tudo o que tenho;
Só em mim e em ninguém mais
Posso ter o amor que sonho.
(Cynthia Oliveira)
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