Pedrinhas na dor
Serpentinas caídas no chão
balançam e balançam o seu coração.
Seus quase mil anos de rugas imensas
Grandes cisternas vazias de tudo
e imundas de dor.
Confetes inundam o chão, sua casa,
e a doce senhora de quase mil anos
sozinha no canto, sente aflição.
Confetes caídos por outros, não ela,
enfeites doídos que sujam seu ar.
São quase mil anos de quem pouco fala
e quer quietude no seu santo lar.
Não há alegria, nem a fantasia,
por isso aquieta o seu coração.
Mas há os confetes e cores e berros,
de outros sozinhos, e que não conhecem
a dor de uma vida.
Ainda.
Por isso flutuam em pura alegria
e na fantasia de seus poucos anos.
Os quase mil anos da velha senhora
sopram os confetes que adentram a casa,
inundam os sonhos e salgam de dor sua solidão.
(Cynthia Oliveira)
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