A Garganta da Serpente

Cristiana de Barcellos Passinato

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Ao meu pai em seu forçoso exílio

Quando avisei
Julgaste-me criança.
Quando acudi,
Não viste meu esforço em auxiliar-te.
Não assumiste tuas culpas,
Colocando-as em cima de mim.
Vislumbras meus defeitos
Como teus os fossem.Sou tua filha,
Mas nada a mais tenho além de teus genes.
Sou concepção tua,
Mas eu sou eu.
Gosto do teu amor,
Mas não do teu jeito de amar.
Sufocas-me com a tua frustração,
Projetando-me em sua imaginação
Como tua perfeita criação.
Não fui criada por ti,
Sim pelo mundo.
Consegui não ser uma qualquer,
Mas por um segundo podia ter-me revirado.
Enfim,
Algo de bom deste-me:
Tua força,
Tua coragem,
Teu senso de luta.
Mas graças ao Pai,
Em quem tu teimas em não acreditar,
Porém em tua difícil reclusão se pões a chorar,
Pedir por orações e pedidos,
Não tenho tua conduta,
Que de canhota e torta,
Faz por vezes tuas vistas rumarem para vias tortas.
Quero-te bem e o melhor dia dos pais do Mundo,
Mas que de presente Deus te dê o que deu-me em exaustão:
JUÍZO!


(Cristiana de Barcellos Passinato)


voltar última atualização: 29/10/2010
20887 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente