Negócio infernal
Foi numa noite bem escura
De pobreza e solidão
Vendi minha alma ao demônio
Que me pagou a prestação
Cobrando juros especulados
Agiotando o tal negócio
Fui explorando os tais mercados
Enriquecendo, sem nenhum sócio.
Vendi o fusca, comprei Corolla,
Troquei cortiço por cobertura
Ganhei ações da Coca-Cola
Comprei
mansão com escritura
Eram milhões e milhões semanais
Provei delicias no tal fundi
Ganhei a capa de jornais
Fiz monopólio no Hawaii
Mas algo estava mal...
Que estranho... Como podia?
Um homem rico, um soberano
Sentir-se triste a todo dia.
Saí atrás do embestado
Mentor da negociação
Que curiosamente encontrei rodeado
No meio de uma eloqüente conversação
Questionei-o sobre o fato
Mas o mestre das maldições
Mandou-me ler o contrato
Uma olhadinha nas observações
E ali estava tudo explicado:
Somente será amado
Aquele que souber amar
Retirando do fundo d'alma
Sentimentos além-mar
Percebi, então,
Que sem alma não vivo não...
E que dinheiro nenhum preenche
O vazio dessa solidão.
(Cosmoson)
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