No Brasil
Passaram anos e anos
nós lavramos a terra
barcos levaram a paz
semeada sobre o mar
Temos a sina de viver
com a saudade, de pedra em pedra
na nossa rua nascem
a ternura e a tempestade
Recusamos a violência
abrimos o peito a cantar
à beira deste mar
medimos o sol e as vagas
Ouvimos o romper da aurora
nesta terra de melancolias
onde inventamos raízes
semeamos esperanças
emprestamos luzes
Criamos palavras perturbadas
dançamos alegres canções
numa recusa de mágoas
amamos nas madrugadas
nesta terra emprestada ao sonho
(Constança Lucas)
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