A Garganta da Serpente

Cíntia Melo

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Lamentos e a Fênix

A lâmina atinge meu peito,
suas duas faces cortantes
rasgam minha carne.
Uma faz sangrar, a outra, delirar.

Navego num mar sem rumo,
o desespero me domina.
Nas noites azuis, enfrento
uma aventura de outro mundo.

A dama do mar canta e a ouço,
no caminho de muitas voltas,
sóis iluminam meu espectro,
luas glaciais apontam meus erros.

Uma senhora e três caminhos,
escolho o iluminado, mas é o abismo.
Foi ilusão falseando sentidos.
Onde está mesmo meu corpo?

Gritos reverberam: queimado, queimado...
A minha volta, rostos desdenham-me,
no submundo de Hades, a sagrada verdade.
O preço da ilusão e a chance da fênix.

O barqueiro leva-me em cinzas
pelo rio caudaloso dos lamentos.
Renascerei outra vez em setembro,
e do eu interior nunca mais esquecerei...


(Cíntia M. Melo)


voltar última atualização: 13/09/2006
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