A Garganta da Serpente

Cíntia Melo

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Mulher Satélite

Você precisa de uma mulher satélite,
que esteja sempre pronta pra te servir,
que tenta adivinhar o que você quer.
Uma que você sempre possa cobrir,
ficar por cima, deitar rolar,
não importa o que ela sinta.

Por mais que eu tente,
nunca conseguirei ser satélite,
não conseguirei ser uma boneca.
Dessas que malham, andam na moda,
que enchem o cara de orgulho,
só por despertar tesão nos próprios amigos.

Não quero mais viver ao teu redor,
etiquetada, maquiada
no rigor de uma miragem.
Nem vou ser manequim de loja
para agradar a sua pobre vaidade.

Eu tenho minha identidade,
gosto de ser independente
de dizer o que sinto,
gosto de me guardar
ou de me exibir sem marcas
dependendo do meu espírito.

Sabe do mais cara,
quero é gozar quando der vontade
sem esperar as tuas migalhas sexuais,
quero ser mulher quando eu quiser,
para quem eu escolher,
quantas horas tiver de ser.

Não conseguiria viver da tua luz
sem o brilho e o meu tom veloz
nem quero dizer que você me seduz
mesmo que seja mentira,
mesmo que eu conte as minhas amigas
o teu fraco desempenho nos lençóis.

Sinto muito cara, não quero regras.
Não dá mais para fingir que te desejo,
nem quero mais te pajear cheia de dengo,
de me submeter, de ser você,
enquanto quero ser eu,
nos meus loucos devaneios.

Quero dizer como prefiro ser amada
e descrever as obscenas posições
que tanto aprecio, para quem tem ouvido.
Não quero ser a gostosa e nem a feiosa
quero ser uma mulher que diz o que deseja
e simplesmente, faz o que dá na telha.


(Cíntia M. Melo)


voltar última atualização: 13/09/2006
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