Doses de dores
Você bebeu da minha dor
Sentiu-a, tocou-a,
e de prazer quis mais.
Acostumou-se a embriagar-se
Com a pobreza alheia
E vinha de mansinho
Beber pequenos tragos
Que não chegavam a
Embebeda-lo
E como um vício
Acostumou-se a beber
Todos os dias um gole
Da minha dor
E numa noite dúbia
Não conteve a tentação
Bebeu a garrafa toda
Junto veio a embriagues
E ao romper do dia veio
A tal ressaca e a repugnância
Aquela bebida maldita que
O devorou aos goles
(Cecília Lobregat)
Cecília Lobregat
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