Dom Quixote

Por onde anda o homem puro
Que desbrava fronteiras e aniquila conceitos?
Onde está o cavaleiro andante que sonha e cria sua própria existência?
Por onde perambula agora a criatura que enfrenta o seu tempo?
Entre os peregrinos continentais,
Infiltrado ente os sábios orientais?
Refugiado entre os andarilhos cansados?
Ou vagando entre os profetas sem memória?
Por onde se projeta agora a sombra de sua triste figura?
Formando exércitos,
Confabulando planos ,
Aliando os guetos?
Me revelem, por favor, algo sobre seus rastros
Por que cantos desse mundo ele anda a atordoar fantasmas
A ousar em falar de liberdade
A esculpir sua persistência
A ironizar sua existência...
Por onde escorre agora esse sangue plebeu que não cansa de lutar?
Onde está aquele que jurou vingança e imortalidade?
Aquele que não morreu e nem mais vive por aqui...?

Será que ainda nascerá aquele que nos ensinará a reverter o sentido dos ventos, em vez de derrubar os moinhos?

(Catia Cernov)