A Garganta da Serpente

Caio Antunes

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

E corro pela noite.
As gotas da chuva batem no meu rosto.
Não penso no vento que tenta me abraçar,
gelando meu pescoço e minha alma.
E depois de percorrer a rua escura,
folhas caídas no chão, amareladas e tristes
como eu, me vejo frente a tua janela.
Uma luz bruxuleante vem do teu
quarto.
Me ocorre que estás deitada,
tentando dormir, pensando em reinos
mágicos e mundos fora daqui.
Me encosto na árvore ao meu lado e,
apesar de molhado e gelado, penso apenas no teu
sorriso.
Queria que ouvisses meu pensamento
que tenta entrar pela tua janela.
Ouve meu murmúrio que é teu nome,
minha respiração que é minha alma
em busca da tua.
A chuva continua a ser minha única companheira.
A ela se misturam minhas lágrimas, que
desaparecem junto com aquelas que caem do céu.
Depois que a luz se vai, sem conseguir
ver teu sorriso, volto para a rua molhada e para
as folhas caídas, que agora como eu, também choram.


(Caio Antunes)


voltar última atualização: 28/10/2001
4500 visitas desde 01/07/2005

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente