A Garganta da Serpente

Caio Antunes

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deixa minha cabeça em paz.
me abandona.
meu coração já não aguenta mais essa tua intromissão,
essa invasão dos meus sonhos,
nessa aparente alegria que depois se transforma em tristeza,
que toma conta de mim toda noite.
eu não posso me controlar,
meus sentimentos afloram nestes sonhos terríveis,
que meu inconsciente insiste em me mostrar.
te vejo tão bela,
tão próxima, tão minha.
nada aconteceu,
nada nos separou.
nos vemos no final do dia .
nos encontramos em casa,
dormimos juntos.
escolhes a roupa que vais dormir.
nossos travesseiros voam pelo ar,
penas e espumas no espaço,
um salto até os galhos das árvores.
situação insólita,
rimos de tudo isso.
e me conformo pois,
separação não há,
distância nenhuma,
os encontros ficam para mais tarde.
agora,
nos joelhos me prosto,
aos deuses imploro "acabem com isso",
peço entre um soluço e outro.
não posso mais acordar assim.
ver a cama vazia ao meu lado,
esperança nenhuma de te ver aqui.
não me deixem mais sonhar.
os sonhos são mais doloridos do que qualquer outra dor que eu possa imaginar.
sonhos assim são a tortura da alma,
o sofrimento do coração e o abandono que me tira qualquer calma


(Caio Antunes)


voltar última atualização: 28/10/2001
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