A BRUMA
Veio a bruma
espessa e misteriosa.
Nela um barco lendário
vagaroso e sonolento.
- Quantos são os olhos da solidão?
Cem sereias
enfileiradas e tristes choravam
a morte do talismã.
- Quantas lágrimas percorreram
as faces de Ariadne?
Viajava entre sombras
as espumas verdes da esperança
nos soltos cabelos
de poetas e sonhadores.
- Será esta a estrada?
Tanto tempo pus-me assim
nos braços da noite
enternecido.
- Quais os nomes dos filhos
da cega Tempestade?
Três vezes vi
a âncora prata.
E jamais existiu
tanta alegria
contida num sorriso.
Buca Dantas
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