construção da despedida
Admitindo a própria existência
como uma sombra nas entranhas da Blasfêmia,
perco-me por entre os escárnios da
Luxúria
caminhando pelas ruas de casa
a procura de uma libertação
n'uma
sobremesa alucinógena,
pergunto-me onde está
minha mente...
talvez
rodopiando como uma faísca
nas
mãos de um adolescente,
ou n'um
pêndulo
sobrevoando
palavras de minha vida...
promessas...
idéias... inspirações...
flores
secas... sentimentos dormentes...
onde
nem a lua parece-me tão sinistra,
pelo
contrário,
mostra-me
todos caminhos
antes
turvos... obscuros...
imaginando
a alma descolando-se da matéria
e
perfurando-a no após...
sentindo-me
pequeno e assustado n'uma escuridão própria
sorrindo
da Insanidade
nas
bordas do cinismo
apenas
para despedir-me como poeta...
para
deixar saudades e códigos...
amores
e frustrações...
digo-te
apenas, adeus...
(13.01.04)
(Bernardo Coutinho)
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