à Lamentação
Escravos de uma "avareza diabólica"
convivemos com a existência
n'uma borracha que não apaga,
apenas sangra...
vendo na Perdição uma aranha
envolvendo em suas teias indigestas
pensamentos que brotam
de mentes
doentias n'uma mesa de bar
onde
esmolas desiguais distribuem atitudes autodestrutivas
e a
inocência mostra-se perdida
em
meio ao êxtase da compreensão,
ouvindo
uma breve melodia
de
uma antiga caixinha de música...
num
lugar onde terminam os sonhos...
na
distante fumaça disforme...
na
criança morta na esquina...
em
um demônio que salta do líquido negro
e
invade os olhos com seu lamurio amargo...
árduo...
cálido,
talvez...
(25.12.2003)
(Bernardo Coutinho)
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