a volta do poeta
Sem compromisso com a realidade,
enlouquecendo continuamente...
o poeta,
profana
os mais sagrados preceitos
fazendo
ecoar todo desejo e amargura existentes,
tornando-se
vítima de sonhos dilacerados,
de
esperanças frustradas...
de
ilusões letais que lhe atormentam a alma...
sente uma força... grande, desconhecida...
que torna o escrever uma sensação
única,
destruindo
sua fragilidade
distanciando-o
da indiferença
deixando-o
inconsolavelmente nostálgico...
canções, amores, loucuras e dores...
tudo é tão veloz... tudo corre,
porém... tudo morre...
e, num flerte com a Morte,
ao compartilhar sortes... angústias...
alimenta a mente de um imaginário
inexplicável...
e, num
segundo,
as
cores lhe parecem intensas, ofensivas
deixando-o
embriagado...
vê-se
como homem, como criança...
poema
e luz...
é
anônimo, é pó...
(23.07.2003)
(Bernardo Coutinho)
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