A Garganta da Serpente

Ascânio Lopes

Ascânio Lopes Quatorzevoltas
  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

A FAZENDA QUE NÃO DÁ MAIS CAFÉ

(Para Emílio Moura)

Cromos de folhinhas velhas enfeitam as paredes
quadros piedosos de santos, retratos descorados de homens barbudos
de mulheres com roupas estranhas.
Mobília antiga e pesada, cadeiras mancas
com a palhinha furada.
Teias de aranha, pó nas paredes
cheias de figuras e datas a carvão e a lápis.
Um cachorro dorme um sono tranquilo na sala de jantar.
Parece que há alguém muito doente
dentro da velha casa desanimada.
Crianças sujas brincam sem alegria
no terreiro cheio de mato.
Ar pesado.

Entretanto a fazenda já foi alegre e catita
mas começou a ficar assim desde que a terra cansou
e os cafeeiros envelheceram.


(Ascânio Lopes)


voltar última atualização: 30/05/2017
5075 visitas desde 30/05/2017

Poemas deste autor:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente