A Garganta da Serpente

Artur Gomes

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Rio em Pele Feminina

o rio com seus mistérios
molha meu cio em silêncio
desejo o que nos separa
a boca em quantos minutos
as flores soltas na fala
o pó dos ossos dos anos

você me diz não ter pressa
teus olhos fogo na sala
o beijo um lance de dados
cuidado cuidado cuidado
não beije assim meus segredos

meus olhos faróis nos riachos
meus braços dois afluentes
pedaços do corpo no rio
meus seios ilhas caladas
das chamas não conhece o pavio
se você me traz para o cio
assim que o sexo aflora
esta palavra apavora

o beijo dado mais cedo
quebra meu ser no espelho
meu cerne é carne de vidro
na profissão dos enredos

quando mais água me sinto
presa ao lençol dos seus dedos
o rio retrata meu centro
na solidão de mim mesma
segundo a segundo nas águas

lá onde o sol é vazante
lá onde a lua é enchente
lá onde o sol é estrada
onde coloca seus versos
me encontro peixe e mais nada


(Artur Gomes)


voltar última atualização: 30/09/2009
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