SONETO DO PAI
Ser é juntar
Passado e futuro
Na ilusão do presete.
É concomitar eras necessárias
Ao milagre inútil de cada vida.
Porrada de sol e originalidade
Que desemboca na vala comum
De semelhança antagônica.
Sou fagulha da mesma luz
Que é nós mas proclama o eu.
Sou meu avô que é neto do meu pai
Fragmento de luz do mesmo raio
Versão ilusória do uno e concomitante,
O tempo, a mais dolorosa das ficções.
(Artur da Távola)
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