A Garganta da Serpente

Arneyde T. Marcheschi

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

A VIDA É UM ETERNO QUEBRA CABEÇAS

Compra-se o jogo
junta-se as peças,
estuda-se a colocação
deve formar um mosaico
em plena e total perfeição.
Não é permitido sobrar
nenhuma pecinha,
tudo deve se encaixar.
Não se pode tentar ludibriar
nem trapacear
o jogo não se encaixa.
Perde-se horas
estuda-se as figuras
é um exercício que força
a inteligência,
que faz raciocinar.
Qualquer erro pode ser
fatal...
Tem-se que recomeçar tudo
do principio,
tem que se trabalhar com
tranqüilidade e paz de
espírito e muita paciência.
Aguçar os sentidos,
estar atenta e não distraída.
Entro pela madrugada a dentro
que se demora zombeteira
ao me assistir torturada
por não conseguir juntar
as peças e formar o desenho
tamanha falta de tolerância...
Devo insistir,ser perseverante
olho de novo a resenha,
de repente tudo transparece,
se não coloco a primeira peça
certa, erro todas as outras.
Caminho errante pelos labirintos
trôpega,sem construir nada....
deixo apenas rastros de
insegurança, de ansiedade
do medo relevante de me
sentir incapaz,
de construir num mosaico de
papel, a edificação de
minha vida, incapaz
de arquitetar e levar a
término os meus planos.
Me dou por vencida,por
pequeninas peças que sorriam
zombeteiras da minha incapacidade
diante do primeiro obstáculo
a ser vencido.
Se me rendo diante de
uma caixinha de papelão
tenho que acordar para a realidade,
reconhecer minhas incapacidades
minhas limitações
toda minha fragilidade.
Uma grande angústia atravessa
o peito, varando o coração,
e na lassidão da dor
tive a sã consciência
de minha pequenez
de ser fraca e obstinada
de não querer aprender a crescer,
a enfrentar os desafios
de ter receio de lutar,
e na minha covardia
ficou expressa conscientemente
o pavor que eu tenho
de num amanhã
não me tornar ninguém....

(Vitória.E.Santo 17/01/2007)


(Arneyde T. Marcheschi)


voltar última atualização: 26/11/2009
14810 visitas desde 01/07/2005

Poemas desta autora:

Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente