A Garganta da Serpente

Arnaldo Sisson

  • aumentar a fonte
  • diminuir a fonte
  • versão para impressão
  • recomende esta página

Exata e casual como a inexorável mecânica dos corpos no espaço,
inexata e certa, a história é um jogo de tempos e eventos
e é quando a escuridão se anuncia inevitável, o fim a um passo,
que os homens crescem e lutam e vencem, envoltos nestes ventos.

A hora que virá só a ela pertence
não a possui minha vontade e nem o ontem,
é planta que se cuida e não se sabe se dá em fruto ou podridão.
É rio que represado estorna, contorna,
arrasa e arrasta represas, inundando a planície.

Assim os povos, assim as gentes,
enchentes de dor e de vida que, mesmo acorrentada, não se esteriliza.

Da dor e da miséria nascem tanto deuses quanto humanidades.

Gritarei isso até que, rouca, a voz me falte:
enquanto houver planeta e nele gente que chora e ri,
haverá maldade e doçura, grandeza e covardia,
tanto quanto é natural da noite a conseqüente manhã.


(Arnaldo Sisson)


voltar última atualização: 12/01/2004
6716 visitas desde 01/07/2005
Copyright © 1999-2020 - A Garganta da Serpente