A Garganta da Serpente

Arlinda Lamêgo

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MOVIMENTO DO TREM

Vesti-me marrom para mostrar ao mundo
Quão sombrios estão meus pensamentos.
Meu batom faz-se par
No marrom das minhas pálpebras
E olheiras dos meus olhos.
Meu corpo veste-se todo de marrom:
Pele, olhos e cabelos. Tudo é marrom.
Amadureço o meu poema,
Caminho em alma amarronzada.
Minha vida é outonal:
Folhas marrons que despetalam
E onde
Vomito este texto com fragmentos marrons.
Meu lado selvagem quer rasgar o escuro.
A estrela que escolhi para andar
Tem muitos obstáculos.
Reafirmo a luta pelas liberdades
Mas quanto de assassino está em mim?
Sobrevivo em marrom
Como um alerta ao mundo,
Entre ataques e patrulhas .
Tento levar a vida e até consigo sorrir.
Vesti-me marrom
Porque não sou de vestir preto.
Não sou a sombra ,
Apesar do luto da alma
E da luta dos sentimentos.
Nada é o que parece ser.
Meus heróis vivem a beleza do fracasso.
Fixo um ponto no mundo em movimento.
Tudo está para acontecer .
Há muito que fazer.
Há um tapete vermelho dando as boas vindas
Mesmo codificado no irracional.
Tudo é aparentemente normal,
Enquanto
Ruínas se fazem velozes e assustadoras.
Há trens a toda hora .
É preciso pegar o tempo do movimento.


(Arlinda Lamêgo)


voltar última atualização: 01/05/2006
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