DEZESSETE
Foi-se um tempo que não passara...
Não um tempo vivido, mas viajado.
Adormeci... sozinho num trem que lotara
À infinita estrada da vida destinado.
Acordei-me um vazio vagão
Sobre trilho enferrujado,
Contemporâneo dos de máxima lotação,
Mas um vagão desgovernado. Abandonado...
Não existisse a força da mãe locomoção
Tornaria-me também descarrilhado.
E foram-se dezessete anos...
Sozinho num trem lotado...
Ao fim da estrada destinado...
Sem outros a compartilhar danos,
Um vagão descarrilhado....
Pois foi-se um tempo que não passara.
(Antônio de Castro)
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