A Garganta da Serpente

Antônio Jackson de Souza Brandão

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Cavaquinho

Cavaquinho amigo
Lembra das tardes
em que ficávamos juntos?
É... isso mesmo:
lá no bar!
Você dava os acordes,
os gatos acompanhavam
e atentos ouviam;
ficávamos à mesa.
Cervejas? Sem contar...
Você...
Sim, você, amigo!
alegrando sempre, sorrindo acordes
pelo ar...

Pegava em minhas mãos,
duras mãos de peão,
a caixinha de fósforo:
queria acompanhá-lo,
fazer tornar presente meu som
e juntá-lo ao seu...

Cavaquinho, irmão,
se pudesse ouvir o estalo de minhas mãos,
mas não,
não pode ouvir:
quem sou eu?
Um pobre peão
sem estudo, cara e formação;
um entre tantos outros...
Quero ouvi-lo, Cavaquinho,
porém não me engane não,
por favor, peço a você:
Não me engane não!
Não me deixe sorrir,
para de mim retirar o sorriso!
Não me deixe emocionar,
para depois não me deixar chorar
e de minhas lágrimas zombar...
Quero viver,
não dá, não sei, não sou:
Em que mundo louco estou!
Quem sabe,
só por que uma música
tal mundo verdadeiramente amou.
Em que mundo louco estou!
Quem sabe,
só por que a verdade a
ele foi e dele posse tomou.
Ah Cavaquinho solte ao ar
seus acordes...


(Antônio Jackson de Souza Brandão)


voltar última atualização: 03/07/2009
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