A Garganta da Serpente

Antero de Quental

Antero Tarquínio de Quental
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VOZ DO OUTONO

Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
- «Mais te valera, nu e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima soidão,

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel devesa,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!

Mais valera à tua alma visionária,
Silenciosa e triste, ter passado
Por entre o Mundo hostil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor das mil que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!» -


(Antero de Quental)


voltar última atualização: 30/05/2017
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