AGONIA DA HORA
O tiro da tarde é um olho mais fundo
Um poço estancado de heras e tempo
O findar para sempre na massa do peito
Passado e pasmo bem frios
Engasgo
O espaço entre a dobra
E o medo
A água quente para o segredo
Sentado no abismo das varandas
Jogado nas planícies decadentes
O rasgo da tarde te empacota
Deturpa os teus ombros eretos ao solo
E te soca
E o fogo frio que espanta o argumento
Assalta a certeza distante e morredoura
Tornando-a sangue passageiro
(Vem o primeiro murmúrio
E o segundo...
Um som baixo começa)
A gestação que encanta
Afoga o coração
(Anselmo de Sousa Gomes)
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