A Garganta da Serpente

Anselmo de Sousa Gomes

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AGONIA DA HORA

O tiro da tarde é um olho mais fundo
Um poço estancado de heras e tempo
O findar para sempre na massa do peito
Passado e pasmo bem frios
Engasgo

O espaço entre a dobra
E o medo

A água quente para o segredo

Sentado no abismo das varandas
Jogado nas planícies decadentes
O rasgo da tarde te empacota
Deturpa os teus ombros eretos ao solo
E te soca

E o fogo frio que espanta o argumento
Assalta a certeza distante e morredoura
Tornando-a sangue passageiro

(Vem o primeiro murmúrio
E o segundo...

Um som baixo começa)

A gestação que encanta
Afoga o coração


(Anselmo de Sousa Gomes)


voltar última atualização: 02/07/2008
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