MADRUGADA
Na costa da noite
Transeunto-me
Bebo becos
Vomito valas
Sou o trabalho arrastado das más chuvas
O cancro dos cantos desfeitos das esquinas
Fio condutor entre o sono e a labuta
O rústico e inconstante pensamento das lâmpadas
Sarau das massas asfálticas
Réstia de sombra e pó
Sou a mudez das casas
O frio das encostas
Visagem viva vindo
O sonho palpável das coisas
Mistura
Entre a voz e a impressão
Nonsense
Castelo onde coabitam Nosferatu e Quasimodo
Fluxo mole das horas
O mundo paira
(Anselmo de Sousa Gomes)
|