A Garganta da Serpente

Anselmo de Sousa Gomes

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RUMO AO CENTRO

o dia é um caminho de aço aberto para todos os lados
voz viril do mar humano e bicho
sexo feito mas não acabado

até onde vai teu asfalto-derma?
pele negra e túmida
gozo do construto armado
projeto de luxúria
que para os fins da tarde mais parece o vapor duma sauna quente e usada
incandescente
a espera de mais

tua arquitetura é equivocada
mas concisamente construída de um a um
malhas abertas da dor
viaduto das complicações internas
trânsito aberto engarrafado
em que se engolfam as lamúrias como um caldo comportado de depois do almoço

via áspera de luzes apalermadas
ganhando a mansidão da noite urbana
em meio ao cio do som
aos watts-arco-íris desta longa e frígida confusão
não desmerecendo bêbados ou juízes
anarquistas ou compositores da ordem
macromédias e infelizes peixes de pontes constatadas

tua rutilância é a comunicação do nada
avaliação cosmopolita das coisas erradas

cego fim delicioso

dia que acaba na linha pontilhada

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(Anselmo de Sousa Gomes)


voltar última atualização: 02/07/2008
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