RUMO AO CENTRO
o dia é um caminho de aço aberto para todos os lados
voz viril do mar humano e bicho
sexo feito mas não acabado
até onde vai teu asfalto-derma?
pele negra e túmida
gozo do construto armado
projeto de luxúria
que para os fins da tarde mais parece o vapor duma sauna quente e usada
incandescente
a espera de mais
tua arquitetura é equivocada
mas concisamente construída de um a um
malhas abertas da dor
viaduto das complicações internas
trânsito aberto engarrafado
em que se engolfam as lamúrias como um caldo comportado de depois do
almoço
via áspera de luzes apalermadas
ganhando a mansidão da noite urbana
em meio ao cio do som
aos watts-arco-íris desta longa e frígida confusão
não desmerecendo bêbados ou juízes
anarquistas ou compositores da ordem
macromédias e infelizes peixes de pontes constatadas
tua rutilância é a comunicação do nada
avaliação cosmopolita das coisas erradas
cego fim delicioso
dia que acaba na linha pontilhada
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(Anselmo de Sousa Gomes)
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